PIX: tudo sobre o novo sistema de pagamento instantâneo

O novo sistema de pagamento instantâneo do Banco Central promete pagamentos e transferências online em até 10 segundos, sem restrição de dia e horário.




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Em poucas palavras PIX é o novo sistema de pagamento instantâneo do Banco Central (BC), que vai permitir transferências e pagamentos online em até 10 segundos, 24 horas por dia e 7 dias por semana (inclusive feriados).

A novidade foi anunciada em 19 de fevereiro de 2020, como uma solução para:

  • Digitalizar definitivamente os pagamentos no País;
  • Acabar com os dias de espera até o pagamento ou transferência “cair”;
  • Baratear os pagamentos e transferências (ex: tarifas de TEDs e DOCs);
  • Facilitar o pagamento de contas, faturas, boletos e impostos;
  • Substituir outros meios de pagamento como cartão de débito e dinheiro em espécie nas compras do dia a dia.

A promessa é que os brasileiros poderão usar o PIX do Banco Central para realizar suas transações financeiras em tempo real, com muito mais velocidade e praticidade – além de custos menores.

Em vez de passar por intermediários, o dinheiro vai sair de uma conta e chegar até a outra automaticamente e em questão de segundos.

Por isso, seu lançamento foi recebido com grande entusiasmo no mercado, e mais de 980 empresas e instituições financeiras já solicitaram sua adesão ao sistema apenas na primeira rodada de cadastro.

O PIX deve estrear oficialmente em novembro de 2020 (com pré-lançamento em setembro) e todos os bancos e instituições financeiras com mais de 500 mil clientes terão que se adequar à nova tecnologia.

Nas palavras do presidente do BC, Roberto Campos Neto: “a intermediação financeira vai transformar o custo de pagamentos no Brasil e acreditamos que com esse sistema, junto com outros sistemas que estão por vir, unificando-se ao longo de 2021, nós vamos ter uma diferenciação na forma de fazer as transações financeiras no país”.

Na videoconferência de lançamento reportada pelo Uol, ele afirmou que o PIX é um dos projetos mais importantes do ano para a economia do País, e que espera reduzir o “grande custo” de carregar dinheiro físico.

Para o diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução do BC, João Manoel Pinho de Mello, o PIX deve promover maior competitividade no mercado financeiro, incluir pessoas, facilitar transações e aliviar o bolso dos usuários.

Logo, a expectativa é que o sistema seja uma alternativa inovadora aos modelos já existentes de transferências bancárias, boletos, cheques e cartões.

Resumindo, os objetivos por trás do PIX são:

  • Digitalizar e universalizar os meios de pagamento no Brasil;
  • Reduzir o uso de cédulas e moedas;
  • Abrir o mercado de pagamentos e facilitar a entrada de novos atores com modelos de negócio inéditos;
  • Aprimorar a prevenção e combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo (PLD/FT);
  • Aumentar o potencial de inclusão financeira com custos menores de iniciação e mais agentes ofertantes;
  • Gerar serviços de qualidade superior com o acirramento da competição entre prestadores de serviços;
  • Agilizar e desburocratizar transações financeiras preservando a segurança de pagadores e recebedores.

Já o nome do sistema veio do termo “pixel”, para representar a transformação digital e a inovação tecnológica no sistema financeiro. Deu para entender por que o PIX gerou tanta repercussão, né?

Quem poderá usar o PIX?

Conforme divulgado pelo BC, “o pagamento poderá ser feito de todos para todos” com o PIX.

Ou seja, as transações financeiras poderão ser realizadas:

  • Entre pessoas físicas;
  • Entre pessoas físicas e empresas;
  • Entre empresas;
  • Para órgãos públicos, no caso de impostos e taxas;
  • Entre Governo e cidadãos (a possibilidade de pagar auxílios governamentais e restituição do Imposto de Renda pelo sistema está sendo estudada).

Aliás, um dos objetivos do PIX é justamente promover a inclusão financeira: segundo Breno Lobo, chefe de divisão no BC, o sistema deve ajudar mais de 45 milhões de pessoas “desbancarizadas” a ter acesso a serviços financeiros no país, conforme afirma em entrevista ao InfoMoney.

Para usar o sistema, os pagadores e recebedores precisarão ter uma conta em banco, instituição de pagamento ou fintech (não necessariamente uma conta corrente), ou ainda uma carteira digital.

Essas empresas farão o papel de provedores de Serviços de Pagamento Instantâneo (SPI), e os consumidores vão precisar apenas de um smartphone com acesso à internet para fazer as transações pelo PIX.

Como vai funcionar o PIX?

Já sabemos o que é PIX, mas os detalhes de seu funcionamento ainda estão sendo definidos pelo BC, pois as possibilidades são inúmeras. Para começar, o sistema de pagamento vai oferecer os seguintes serviços:

  • Transferências instantâneas de dinheiro entre pessoas e empresas (gratuitas para pessoas físicas);
  • Pagamento de contas, faturas e boletos;
  • Recolhimento de impostos e taxas de serviços (como emissão de passaportes);
  • Pagamento de compras online e em estabelecimentos físicos;
  • Saques na rede varejista.

As transações poderão ser feitas de três formas:

  • Via QR Code estático ou dinâmico;
  • Via chave de endereçamento (senha digitada no app);
  • Via tecnologias de aproximação.

No caso, o QR code estático poderá ser usado em múltiplas transações e permitirá a definição de valor de um produto ou pelo pagador, enquanto o QR code dinâmico será renovado a cada compra (ideal para compras no dia a dia).

O BC acredita que os aplicativos dos bancos e instituições financeiras serão os principais meios de uso do PIX.

Com um simples toque no ícone do PIX, será possível transferir dinheiro instantaneamente (em até 10 segundos) para alguém apenas com o número de celular do destinatário, por exemplo, ou ter acesso a todos os dados da compra com uma rápida leitura de QR Code.

Por enquanto, o BC não detalhou como os consumidores e empresas vão gerar os códigos e quais serão as regras específicas de cada transação.

Fim do TED/DOC

Os famosos TED (Transferência Eletrônica Disponível) e DOC (Documento de Ordem de Crédito), que funcionam somente em dias úteis e podem cobrar até R$ 20,00 em uma única operação estão com os dias contados.

Com o sistema de pagamento PIX, você poderá fazer transferências instantâneas de graça a qualquer momento, sem burocracia, prazos e tarifas abusivas.

Substituição dos boletos e cartões de débito

Outros meios tradicionais que estão ameaçados pelo PIX são os boletos e cartões de débito.

As desvantagens do boleto você já conhece: tarifa de emissão, pagamento por código de barras e prazo para compensação. Com o PIX, não é preciso esperar mais que 10 segundos para pagar uma compra, além de ser um processo muito mais rápido e barato.

Já o cartão de débito perde para o PIX na praticidade e por um detalhe importante: o sistema do BC não exige que o cliente tenha, necessariamente, uma conta bancária, oferecendo as contas digitais como alternativa.

Por outro lado, o cartão de crédito continua indispensável, pois o PIX só funciona para operações de débito.

Redução do uso de dinheiro vivo

Apesar do avanço dos pagamentos com cartão e digitais, grande parte das transações de pequenos valores ainda são feitas com dinheiro vivo. Mas esse cenário deve mudar com o PIX, que incentiva o pagamento digital mesmo para compras abaixo de R$ 10.

Logo, a tendência é que as pessoas não precisem mais usar cédulas e moedas no seu dia a dia, por uma questão de segurança e conveniência.

Fortalecimento do open banking

O PIX também vai fortalecer a implementação do open banking, ou Sistema Financeiro Aberto, no Brasil.

Em junho de 2020, o Banco Central anunciou as regras iniciais para o novo sistema, que deverá descentralizar os dados bancários e criar um ecossistema 100% integrado, onde os consumidores podem movimentar suas contas a partir de diferentes plataformas – e não apenas pelo app ou site do banco.

Assim, você se torna dono dos seus dados e pode decidir com quais instituições eles serão compartilhados e quais os serviços mais convenientes para fazer suas transações.